Aos amigos e colegas

Aos amigos e colegas


Este é um blog que fala sobre coisas simples.
Simples como nossas vidas, como a maioria de nossos sonhos. Simples como nosso quotidiano.
Apreciar a simplicidade da vida e ainda assim achá-la bela nem sempre é tarefa fácil. Hoje temos milhares de coisas à nossa volta e cada vez se torna mais complicado parar, pensar, relembrar... Nostalgia? Talvez. Mas nunca acreditei muito naquele ditado que diz que "quem vive de passado é museu". Somos aquilo que aprendemos, somos aquilo que sofremos, e são essas experiências que nos fazem melhorar como seres humanos. Somos caleidoscópios de momentos... Somos esse quebra-cabeças que nem nós mesmos entendemos.
É bom dar asas às fantasias, e as vezes nos vermos meninos, e brincarmos como tal.
É isso que quero compartilhar com vocês neste blog: as vivências, as lembranças, as brincadeiras, as histórias. Vamos voltar um pouquinho a ser crianças, e se for preciso rir, vamos rir, se for preciso chorar, vamos chorar. O tempo passa rápido demais para nos privarmos dessas sensações.
Abro aqui espaço para quem quiser participar, postar suas mensagens, histórias, experiências. Abro espaço também para aqueles que como eu têm gosto pela literatura, para os que escrevem e queiram postar seus textos, e também como eu, queiram divulgar suas publicações.
Acima de tudo espero conseguir através desse blog fazer novos amigos e estreitar os laços com os que já estão próximos.
Talvez isso soe sentimental demais, eu até piegas para alguns. Mas quem nunca foi, que atire a primeira pedra.

Abraços

Carlos P. Santos



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O BESOURO E A LAMPARINA


             


 Sul do Brasil, ano de 1956. A passagem de um meteorito, aliado à veiculação de uma publicidade no rádio, desencadeou uma série de especulações e mal entendidos sobre o final do mundo, tais como ataque dos gafanhotos, noite sem fim, ataque das taturanas, um arco-íris beberrão que iria beber todas as águas dos rios, anúncio de um eclipse devastador, dilúvio, chuva de fogo, falsos profetas, e confusão linguística tal qual aconteceu na construção da Torre de babel. Nossa Senhora de Fátima, destronada de seu altar, substituída por outra imagem, também mandaria um castigo para aquele povo, que acreditava em tudo o que ouvia. A cegueira também seria um dos castigos, e muitos não hesitaram em colocar em prática ensaios de cegueira, o que deixaria com inveja o próprio José Saramago; os dois cegos que ali existiam, passaram a ser invejados por dominarem a escuridão, e muita gente queria com eles se parecer, usando bengalas, óculos escuros, invejando o uso até mesmo de um chapéu preto e desasado que se parecia com um urubu.
                Com os boatos, e mal entendidos, muita gente parou de trabalhar. Outros pararam de pagar as dívidas que tinham com o comércio, pois queriam gozar os últimos dias de vida que lhes restavam. Muita gente se suicidou deixando os familiares mergulhados em profunda miséria e tristeza.
                Durante este tempo, o comércio que fora lesado no início da especulação, em virtude de seus devedores não saldarem suas dívidas, finalmente reuniu-se e armou uma grande e inteligente estratégia para se recuperar do calote em massa, pois até então, parados, sem nada vender, estavam perdendo na inteligência até para a dona do cabaré, que não hesitou em renovar o seu estoque para atrair uma clientela que queria viver bem os últimos dias de sua vida, experimentando prazeres até então nunca experimentados. Desta forma, o comércio, ao imitar a dona do cabaré, passou a vender o que até então não havia vendido. Todo mundo procurava, todo mundo comprava, todo mundo pagava em dinheiro vivo.
                Assim os comerciantes locupletaram-se com os acontecimentos, com os boatos, com os mal entendidos, apesar dos padres e pastor, manifestarem repúdio e os condenarem por estarem colocando mais lenha numa fogueira, onde os ingênuos e inocentes eram os primeiros a se queimar.
                Por esta ocasião, revista O CRUZEIRO, O REPÓRTER ESSO, O ALMANAQUE DO PENSAMENTO, O CORREIO SERRANO, A VOZ DA PROFECIA, e os sermões nas missas e nos cultos, passaram a ser mal interpretados por seus ouvintes e leitores, causando grande sensacionalismo. Tudo o que se lia na revista, no almanaque, no jornal, tudo o que se ouvia nos noticiários radiofônicos e nos sermões, gerava confusão, era mal entendido, era distorcido. E assim, a cada dia aquela fogueira sensacionalista a respeito do fim do mundo, era alimentada pelos gravetos secos da boataria.
                Logo que a notícia do fim do mundo passou a ser anunciada pelo rádio, a cartomante Novercina, era consultada todos os dias. Queriam dela saber, se o mundo realmente acabaria, ou não. Quem a procurou, por esta ocasião, saiu de seu consultório decepcionado; nada mais via em suas cartas, do que algo relacionado com o frio. Talvez uma chuva de granizo, um inverno tenebroso...na verdade, ela estava certa no que dizia. Finalmente, num dia doze, as duas horas da tarde, o rádio anunciou que o mundo acabaria; acabaria em gelo, com o lançamento da geladeira F...

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