Aos amigos e colegas

Aos amigos e colegas


Este é um blog que fala sobre coisas simples.
Simples como nossas vidas, como a maioria de nossos sonhos. Simples como nosso quotidiano.
Apreciar a simplicidade da vida e ainda assim achá-la bela nem sempre é tarefa fácil. Hoje temos milhares de coisas à nossa volta e cada vez se torna mais complicado parar, pensar, relembrar... Nostalgia? Talvez. Mas nunca acreditei muito naquele ditado que diz que "quem vive de passado é museu". Somos aquilo que aprendemos, somos aquilo que sofremos, e são essas experiências que nos fazem melhorar como seres humanos. Somos caleidoscópios de momentos... Somos esse quebra-cabeças que nem nós mesmos entendemos.
É bom dar asas às fantasias, e as vezes nos vermos meninos, e brincarmos como tal.
É isso que quero compartilhar com vocês neste blog: as vivências, as lembranças, as brincadeiras, as histórias. Vamos voltar um pouquinho a ser crianças, e se for preciso rir, vamos rir, se for preciso chorar, vamos chorar. O tempo passa rápido demais para nos privarmos dessas sensações.
Abro aqui espaço para quem quiser participar, postar suas mensagens, histórias, experiências. Abro espaço também para aqueles que como eu têm gosto pela literatura, para os que escrevem e queiram postar seus textos, e também como eu, queiram divulgar suas publicações.
Acima de tudo espero conseguir através desse blog fazer novos amigos e estreitar os laços com os que já estão próximos.
Talvez isso soe sentimental demais, eu até piegas para alguns. Mas quem nunca foi, que atire a primeira pedra.

Abraços

Carlos P. Santos



sábado, 6 de outubro de 2012

Sonhos de Papel



PRELÚDIO

                Chamava-se Brasil aquele menino que não dormia em berço esplêndido, mas que nascera num catre imundo. Morava, às margens de um  riacho de águas visguentas, que num gemido quase imperceptível de dor, corria a céu aberto, empesteando os ares da favela. Do heróico brado do povo, que clamava por justiça social, nem o eco mais se escutava, mas os raios fúlgidos da liberdade espiavam pelas frestas do casebre construído de latas, e restos placas de propaganda política, onde exuberantes bigodes coroavam sorrisos cheios de simpatia.

                O mundo estava lá fora, a pátria amada. A tramela era frágil, a mãe há dois dias não aparecia. Conquistaria, então, a liberdade com seus braços fracos, emagrecidos pela fome.  Usando de toda a sua força, o moleque Brasil arrastou um caixote para perto da porta, abriu a tramela, livrando-se assim dos laços que o prendia naquele letargo. Ó pátria amada, idolatrada!, gritou o moleque, calças verdes, camisa amarela, enquanto admirava  uma constelação em forma de cruz, pregada no alto dos céus com cravos de estrelas.

                Queria ser bombeiro, queria ser polícia, jogar futebol, queria pular carnaval; apagar fogo nas grimpas de um edifício, usar uma farda amarela, escutar o olé de uma torcida histérica quando marcasse um gol, sambar pela avenida a dança que trazia no sangue.

                É a ti, menino Brasil, calças curtas, camisa rasgada, pés descalços, que procurei retratar nesta humilde obra, cuja inspiração fui buscar pelas ruas, onde o vi correndo atrás de uma bola, engraxando sapatos, sentado sobre uma caixa onde estava tatuado um caminhão vermelho; onde o vi correndo, dobrando a esquina, e confundindo-se com tantos outros; onde o vi dançando ao som de uma lata, que lhe servia de tamborim; onde o vi tiritando no banco da praça, enquanto mastigava um pedaço de estrela, retirada do manto azul que cobria seu frágil e debilitado corpo, numa noite de inverno; onde o vi  ser aclamado com “hosanas”, montado em pelo, num burrinho, num domingo de ramos; onde o vi, depois de tudo isto, ser crucificado por uma política social injusta e criminosa.

                Em recompensa, quase que num “in memorian”, fui buscá-lo nas ruas, menino Brasil, e fiz com que, ao menos aqui, seu sonho pudesse se tornar em realidade. È bonito vê-lo trabalhando, ostentando sua farda cor das riquezas deste seu xará que se chama Brasil país, Brasil nação, Brasil pátria, este nome que corre também em seu sangue, menino engraxate, menino polícia, menino bombeiro, menino que sonha; este nome que arrepia nossa espinha, e nos deixa mole para chorar, ou valentes até a morte para defender a sua soberania de qualquer ultraje.

                É bonito vê-lo trabalhando, pulando de estrela em estrela nas alturas, apagando o fogo de suas paixões. E vê-lo assim, enche-me o coração de esperanças, pois um dia, esta mãe gentil, - refiro-me agora à Pátria, e não à sua mãe que o abandonou – voltará, e o acolherá em seu regaço, para pagar-lhe o amor infinito, que a ela você sempre dedicou. E somente neste dia, menino Brasil,  aquilo que está escrito no Constituição será a mais pura expressão da verdade.
                Seja feliz, menino Brasil! E que em teu caminho tenha a felicidade de encontrar alguém que voluntariamente, sem paga alguma, possa vir ao seu encontro, e estender-lhe a mão, para que assim possa escolher a vereda mais segura, dentre as tantas que se abrem na encruzilhada de sua vida. E este alguém a quem faço referência, é você, homem ou mulher de extremosa bondade, que deixa o seio sagrado de seu lar, e apesar de todas as vicissitudes de sua vida,  sai em socorro de uma classe tão ultrajada, para que sonhos inocentes não se percam pelo caminho. 

O autor






Nenhum comentário:

Postar um comentário